Poema de Edson Angelo Muniz
Vida abençoada Divino José Muniz, Joana Batista Muniz e Orípedes Muniz de Souza
Levanto de madrugadinha e vou pra cozinha passar o café Tomo ali mesmo um gole a vida não é mole, mas sigo com fé No céu vejo a estrela-d'alva e a lua alva clareia o meu caminho Saio então calmamente andando lentamente Deus está sempre presente eu nunca estou sozinho
No curral eu vou chegando os bezerros berrando prendo no piquete Amarro vaca e bezerrinho sento no banquinho e vou tirando o leite Tenho umas trinta leiteiras todas de primeira acabo num instante Aqui neste meu sertão num pedacinho de chão Sou vaqueiro sou peão sou roceiro e sitiante
Terminando a ordenha eu vou buscar lenha pra fazer o almoço Passo lá no ribeirão pra lavar as mãos o rosto e o meu pescoço Chego no grande terreiro ouço gritos no chiqueiro e galo abrindo o bico Pras galinhas debulho milho jogo aos porcos um atilho Vou pra casa pelo trilho e muito feliz eu fico
Mato minha fome e sede deito lá na rede para descansar Ali eu tiro um cochilo e faço o quilo pra o gado apartar Depois passo a mão na enxada e vou pra baixada capinar a roça Quando o sol vai descambando volto sorrindo e cantando Tem alguém me esperando na minha humilde palhoça
Lá eu não vivo sozinho tenho no ranchinho alguém que me adora Há tempos ela vive comigo enfrentando os perigos pela vida afora A filharada crescendo e os netos nascendo e ela sempre na lida É o meu braço direito eu a trago sempre no peito E tenho amor e respeito por esta mulher querida
Às vezes com noite estrelada pego a espingarda para ir caçar De cima de um jirau de vara uma capivara eu fico a esperar Enquanto aqui eu viver vou agradecer a vitória alcançada Sigo sempre trabalhando e não fico reclamando E a Deus vou agradecendo esta minha vida abençoada
______________ Nota: Este poema foi publicado no livro IV Antologia de Poetas de Ituiutaba, editado pela ALAMI em 2006.
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